quinta-feira, 25 de agosto de 2016

A Santa Paciência como expressão da Misericórdia

CARTAS PASTORAIS
Ao passar em revista as obras de misericórdia, detenhamo-nos agora numa que o Catecismo da Igreja Católica enuncia assim: suportar com paciência as contrariedades [8], tanto as que provêm dos nossos próprios limites, como as que procedem de fora. Mantenhamos uma confiança plena na misericórdia do Senhor que, de todos os acontecimentos, sabe tirar o bem. A paciência também cresce como um dos frutos mais saborosos da caridade para com o próximo. S. Paulo refere-o, no seu magnífico hino a esta virtude: O amor é paciente, o amor é prestável; não é invejoso, não é arrogante nem orgulhoso, nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, nem guarda ressentimento, não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta [9].
A misericórdia há de conduzir-nos a viver diante dos outros com paciência, também quando se mostram inoportunos. Todos temos defeitos, arestas no caráter e, ainda que o não procuremos voluntariamente, muitas vezes causamos atritos que ferem os outros: os membros da nossa família, os colegas de trabalho, os amigos, nos momentos de crispação que podem surgir, por exemplo, nas filas de trânsito na cidade… Todas estas ocasiões nos dão oportunidade para tornar grata a vida aos outros, sem nos guiarmos por um caráter desordenado.
A paciência leva-nos a focar sem dramatismos as imperfeições dos outros, sem cair na tentação de lhas atirar à cara, nem procurar desabafar comentando-o com terceiros. De pouco serviria, por exemplo, calar-se perante certos defeitos de alguém se depois os puséssemos em evidência com um comentário irónico; ou se o nosso desgosto nos levasse a tratar a pessoa com frieza; ou se caíssemos em formas subtis de murmuração, que fazem mal a quem murmura, àquele que é objeto da murmuração, e a quem a ouve. Sofrer com paciência os defeitos dos outros convida-nos a procurar que essas carências não nos condicionem na altura de lhes querer bem: não se trata de os estimar apesar dessas limitações, mas sim de os amar com essas limitações. Esta é uma graça que podemos pedir ao Senhor: não nos determos nem justificar as nossas más reações perante as maneiras de ser diferentes dos outros que nos desgostam, porque cada uma, cada um, possui sempre muito maior riqueza, mais bondade do que os seus defeitos. Por isso, quando notarmos que o coração não responde, metamo-lo no coração do Senhor: Cor Iesu sacratissimum et misericors, dona nobis pacem! Ele transformará o nosso coração de pedra num coração de carne [10].
Esmeremo-nos, pois, no cumprimento de todos os nossos deveres, até daqueles que parecem menos importantes; aumentemos a nossa paciência nas contrariedades de cada instante, cuidemos dos pequenos pormenores. Temos de tornar mais vigoroso o nosso esforço por melhorar; para isso, correspondamos a Deus nas pequenas lutas em que Ele nos espera. Por que havemos de ficar ressentidos pelos atritos com carateres diferentes e opostos, tão próprios da convivência quotidiana? Lutemos! Vençamo-nos a nós mesmos! É aqui que Deus nos espera [11].
Receber com um sorriso quem vem ter connosco com ar sombrio, ou responde com palavras desabridas ao nosso interesse por eles, revela modos excelentes de viver o espírito de sacrifício. Muitas vezes, aconselhava o nosso Padre, um sorriso é a melhor prova de espírito de penitência. Já no Caminho ,entre os exemplos de mortificação que sugeria nos anos de 1930, indicava:Essa palavra acertada, a «piada» que não saiu da tua boca; o sorriso amável para quem te incomoda; aquele silêncio ante a acusação injusta; a tua conversa afável com os maçadores e com os inoportunos, não dar importância cada dia a um pormenor ou outro, aborrecido e impertinente, de pessoas que convivem contigo... Isto, com perseverança, é que é sólida mortificação interior [12].
Carta  pastoral  de Agosto  de declaração. JAVIER  ECHEVARRIA 

domingo, 14 de agosto de 2016

Ditoso o coração enamorado

«Ditoso o coração enamorado,
que só em Deus pôs o pensamento;
Por Ele renuncia a todo o criado
e n’Ele encontra sua glória e contento.»

Santa Teresa de Jesus | 1515 – 1582
Poesias 5

Dar sem buscar recompensa

«Amar sem medida quer dizer
sacrificar-se sem lamentos,
dar sem buscar recompensa,
perdoar sem rancores,
ajudar sem se cansar.»

Beata Maria Josefina de Jesus Crucificado | 1894 - 1948
Autobiografia. p. 369

Fazer Penitência por nós

«Porque todos somos pecadores,
todos temos necessidade de orar
com humildade e perseverança.
Nisto mesmo, o divino Salvador
nos deu exemplo, porque tomou
sobre Si os nossos pecados e
quis fazer oração por nós.
Foi assim que, antes de iniciar a Sua vida pública,
passou quarenta dias e quarenta noites,
no deserto, a orar e a jejuar
para fazer penitência por nós.»

Serva de Deus Irmã Lúcia de Jesus | 1907 - 2005
Apelos da Mensagem de Fátima, cap. 8

Não colher as flores

«Repare-se que não são só os bens temporais
e os prazeres corporais
que impedem e contrariam
o caminho de Deus.
Também as consolações
e os prazeres espirituais,
quando se procuram
ou efetivamente se têm,
impedem o caminho da cruz do Esposo Cristo.
Portanto, a quem quiser avançar,
convém não ficar a colher essas flores.
Mais ainda, é preciso
que tenha a coragem e a valentia de dizer:
Nem temerei as feras,
e passarei os fortes e fronteiras.
Nestes versos refere-se aos três inimigos da alma:
o mundo, o demónio e a carne.
São eles que lhe fazem guerra
e colocam obstáculos no caminho.»

S. João da Cruz | 1542 - 1591
Cântico Espiritual.3, 5

Tratemos a Virgem Maria como uma Mãe

«Tratemos com a Virgem Maria
como com uma Mãe.
Confiemos a Ela
as nossas debilidades
a fim de que Ela as ajude a vencer;
as nossas tendências
a fim de que as oriente para o bem;
os nossos pensamentos
a fim de que os torne castos;
os nossos afetos,
a fim de que os guarde puros.
Caminhemos até Deus por Maria;
seja Ela a escada para ir até Ele,
como é para nós canal das Suas graças.»

Beata Maria Josefina de Jesus Crucificado | 1894 - 1948
Conselhos. 2, 22

O Amor vence as tribulações

«Às almas mais generosas
costumam apresentar-se outras feras
mais interiores e espirituais,
como sejam, dificuldades e tentações,
tribulações e trabalhos de várias espécies
pelos quais é conveniente passar.
Deus manda-os
aos que quer elevar a grande perfeição,
provando-os e examinando-os
como ouro no fogo,
conforme diz David:
“Muitas são as tribulações dos justos,
mas de todas elas os livrará o Senhor”.
Contudo, a alma enamorada,
que estima o seu Amado
acima de todas as coisas,
confiando no seu amor
e no seu auxílio,
não tem grande dificuldade em dizer:
“Nem temerei as feras, e passarei os fortes e fronteiras”.»

S. João da Cruz | 1542 - 1591
Cântico espiritual. 3, 8

Resistir até ao sangue na luta contra o pecado

Heb. 12,1-4.
Irmãos: Estando nós rodeados de tão grande número de testemunhas, libertemo-nos de todo o impedimento e do pecado que nos cerca e corramos com perseverança para o combate que se apresenta diante de nós,
fixando os olhos em Jesus, guia da nossa fé e autor da sua perfeição. Renunciando à alegria que tinha ao seu alcance, Ele suportou a cruz, desprezando a sua ignomínia, e está sentado à direita do trono de Deus.
Pensai n’Aquele que suportou contra Si tão grande hostilidade da parte dos pecadores, para não vos deixardes abater pelo desânimo.
Vós ainda não resististes até ao sangue, na luta contra o pecado.

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